terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Um leve sorriso...

De quem tem agora alguém que com ele se preocupe... Entrou no hospital a 1 de Fevereiro e por lá se manteve... Desde que eu lhe levo uma sopinha de hortaliças que ele anda mais contente. O hospital dá-lhe, diz, «comida de galinhas». Mas di-lo num tom de brincadeira. Quando o JP lá esteve internado, contou-lhe as suas memórias da guerra. Foi combatente em Angola, justamente por alturas da eclosão do conflito armado, depois da crise de 1961. A certa altura pergunta: «Então e agora são todos amigos?» Quem lhe poderia responder? Eis um homem a quem o país deve uma satisfacção, o reconhecimento do seu sacrifício. Em vez disso dá-lhe uma reforma escassa, que ele protege como pode. Há dias o vizinho veio pedir-lhe dinheiro para comprar ração para o Pelé, o cão que deixou preso em casa. O Paco e o Pelé não se conhecem ainda. Um dia se conhecerão. Quando me despeço dele, estende-me sempre a mão decepada, dois dedos magros dobrados em tenaz. Até amanhã, boa viagem... Obrigado Francisco, até...

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